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NOTÍCIA DO DIA

ARMANDO TEM O SONHO FRUSTRADO MAIS UMA VEZ

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c440535bdb9a434afb82809573b0b857Com a campanha nas ruas desde o fim do ano passado, o candidato Armando Monteiro Neto (PTB) chegou perto do sonho acalentado por anos, mas perdeu para o ex-secretário da Fazenda Paulo Câmara, escolhido por Eduardo Campos para sucedê-lo no Governo de Pernambuco. A diferença foi de quase 1,2 milhão de votos válidos. Antes da totalização dos votos, o TRE já anunciava a vitória do socialista: Paulo com 68,08% dos votos e Armando, 31,07%. Para atingir a meta de se eleger governador de Pernambuco, o senador licenciado investiu recursos próprios, algo estimado em R$ 4,6 milhões para bancar a campanha. Sem apoio financeiro do PT, inclusive nacionalmente, a alternativa era aplicar o dinheiro do patrimônio pessoal para tocar a candidatura.

Aliado de Eduardo Campos até as eleições municipais de 2012, o petebista almejava encabeçar a chapa da Frente Popular na disputa estadual, mas os planos já estavam arquitetados pelo ex-governador desde a esmagadora vitória do prefeito do Recife, Geraldo Julio. O objetivo era eleger afilhados, nomes importantes do secretariado “eduardista”. Na gestão de Campos, o perfil técnico se transformou em político. Em busca de espaço e alianças, Armando migrou para o barco petista, cuja meta também era barrar a hegemonia do PSB, tanto no campo local quanto no nacional.

Mas o candidato trabalhista desembarcou no PT quando o partido ainda costurava os pedaços, fragmentados desde as eleições municipais, onde foram expostas as brigas internas da legenda. O Processo de Eleição Direta (PED) buscou a união e chegou ao consenso com o nome da deputada estadual Teresa Leitão, que disputou à reeleição na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe). No entanto, nem todas as arestas estavam aparadas. Nova divisão aparecia entre os membros que estimulavam o apoio a Armando Monteiro e setores que trabalhavam com o lançamento da candidatura própria. Novo encontro do PT, em marco, definiu que o Partido dos Trabalhadores apoiaria o empresário, ex-presidente da Federação de Indústrias de Pernambuco (Fiepe) e da Confederação Nacional da Indústria (CNI).

Mas o apoio não veio fácil. Correntes do partido militavam pela indicação de alguém de dentro do PT. O presidente da sigla no Recife, Oscar Barreto, chegou a lançar seu nome, mas não houve eco na legenda. Na época, Teresa afirmou que as reuniões foram favoráveis à formação da aliança com o PTB. Oscar rebatia que o tom nas reuniões não foi para aliança. “Mas sim pelo lançamento da candidatura própria.” As discordâncias internas do PT se estenderam até o último domingo antes das eleições. Uma das alas do PT, a PTLM, retirou a aliança com Armando e lançou apoio ao socialista Paulo Câmara. Entre as alegações estava o fato de o candidato estar “escondendo” a presidente Dilma durante toda a campanha, enquanto ela aparecia em baixa nas pesquisas de intenção de voto. A corrente, no entanto, sempre esteve mais alinhada ao PSB e nunca concordou com o rompimento das duas legendas em 2012.

FORÇA DOS PROPORCIONAIS – Outro fator que pesou contra Armando foi o arco de alianças construído pela Frente Popular, ainda sob a batuta de Eduardo Campos. Foram 21 partidos coligados para pedir votos para Paulo Câmara (PSB). Armando teve apenas seis legendas na base aliada. Com isso, o exército ficou sem soldados. A base, sem sustentação. Recaiu contra Armando ainda a resistência da base do PT ao seu “perfil” ligado ao empresariado. A conhecida militância aguerrida do partido não foi vista nas ruas pedindo voto para o candidato da coligação.

Paulo Câmara começou o período eleitoral com elevado índice de desconhecimento, mas contava com estrutura de campanha, com mais candidatos proporcionais, que tinham uma comunicação melhor, principalmente no interior do Estado. Além disso, depois da morte de Eduardo Campos, em 13 de agosto, acelerou-se o processo de conhecimento de Paulo e o nome dele rapidamente foi associado ao do ex-governador, que se tornou um verdadeiro mito na política.

Armando precisou rever o planejamento de campanha para não ficar com a imagem de anti-Eduardo. A dificuldade seria brigar com um padrinho onipresente e onipotente, como o ex-govenador se transformou no Estado. Armando chegou a outubro com índice de rejeição de 17%. Com a morte repentina de Eduardo, houve uma aceleração do processo de conhecimento de Paulo Câmara e o início da queda de Armando nas pesquisas. Boa parte dos votos até o momento era uma espécie de “recall” do ex-governador. No início da campanha, o nome de Armando ainda estava “colado” ao de Eduardo e o eleitorado ainda o reconhecia como indicado pelo socialista.

Diante da superexposição de Paulo depois da tragédia, o eleitor conseguiu discernir os políticos e as estratégias de campanha também trataram de separá-los. Na segunda pesquisa do Instituto Maurício de Nassau (IPMN) após a morte de Eduardo Campos, Armando e Paulo já apareciam empatados, com 33% contra 31%. De lá pra cá, o senador licenciado sempre apareceu atrás de Paulo nas pesquisas. Na última, o cenário era 44% para Paulo e 31% para Armando. Nem mesmo as visitas da presidente Dilma Rousseff (PT) e do ex-presidente Lula (PT) a Pernambuco conseguiram alavancar a candidatura de Armando Monteiro. Foi como água na ladeira, impossível de controlar. Talvez, a falta de um terceiro nome dentro da disputa tenha contribuído para a derrota de Armando no primeiro turno. Um terceiro candidato poderia dividir os votos e levar o pleito para o segundo turno.

HISTÓRICO – Armando ingressou na política em 1990, pelo PSDB, mas não disputou cargo algum. Em 1997, migrou para o PMDB e, em 98, elegeu-se deputado federal e reeleito quatro anos depois. Posteriormente, migrou para o PTB. Em 2006, Armando chegou a lançar candidatura para o Governo de Pernambuco, mas voltou atrás para apoiar o petista Humberto Costa, que disputava contra Eduardo Campos (PSB). Quatro anos mais tarde, em 2010, o socialista apoiou a candidatura de Armando para o Senado.

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